Uma vida dedicada ao próximo

 

Como falar de uma pessoa que sua vida parece pertencer aos outros, seus problemas são deixados de lado para que tenha tempo para resolver os problemas alheios, sua felicidade está em ver a felicidade do próximo. Ficaria mais fácil falar das histórias dos que receberam seu amor, pois eles são a sua própria história... assim é a querida por todos Zezé.
Nascida na pequena cidade de Queluz/SP, ela passou a maior parte de sua vida em Caçapava/SP. Filha mais velha de uma família de oito irmãos, Maria José Lopes, 65, carinhosamente chamada por todos de Zezé, sempre teve que trabalhar árduo para ajudar no sustento de casa, pois seu pai foi embora de nosso planeta cedo para poder guardar a todos lá de cima com suas orações. Assim ela transformou-se em uma eximia costureira, atendendo toda a comunidade exigente de Caçapava, principalmente o quartel. 
Sua irmã mudou-se para Ubatuba para dar aulas em bairros carentes; sempre envolvida com os interesses comunitários da igreja católica participou da fundação do Lar Vicentino, incentivada pelo Frei Vitório. No inicio, o Lar tinha cerca de 12 velhinhos e as dependências eram diferentes dos dias de hoje. Assim ela ligou para Zezé, em Caçapava, e ofereceu o emprego, pois achou que tinha tudo a ver com a personalidade da irmã. Zezé, que estava saturada de tanto costurar, aceitou imediatamente sem questionar. Demorou cerca de dois meses até entregar todas as encomendas e acertar alguns detalhes e mudou-se definitivamente para Ubatuba. 
Zezé estará completando no próximo 2003 trinta anos de Lar Vicentino, o mesmo tempo de existência de fundação do prédio. 
Ela disse que quando se mudou para cá acharam, e por vezes ela também, que não ficaria muito tempo, porém o amor pelos velhinhos foi tomando conta de toda a sua vida e perdura até os dias de hoje. Zezé conheceu seu falecido companheiro com quem viveu 20 anos trabalhando no Lar. Nestes anos, construiu uma residência na qual só vai para sustentar seus cachorros, pois seus afazeres são muitos. Coordena o Lar praticamente as 24 horas de seu dia.
As histórias são numéricas e inusitadas... Só a doce Zezé sabe o que já passou... Até falta do que comer junto com os idosos ela já vivenciou em tempos passados. Ela diz que hoje a comunidade participa mais assiduamente com doações e que os bazares e o bingo na cantina da Matriz, realizado todo primeiro domingo do mês, ajudam bem. 
Sua vida tem sido o Lar e seus investimentos pessoais também, porém Zezé pretende parar no máximo o ano que vem, pois tem que cuidar de sua mãezinha que já tem seus 85 anos, a qual ela tem que dar uma atenção de 15 em 15 dias e já não são suficientes. Afinal, desta vez, é a mãe dela quem está precisando de seus cuidados. Porém ela sente-se intranqüila em deixar o Lar e almeja que consiga um substituto o mais breve possível. Hoje são cerca de 37 idosos que dependem de toda atenção. Ela lamenta não ter tempo suficiente para poder conversar com eles pois sempre está envolvida em problemas burocráticos de cada um deles e também da funcionalidade do lar. 
Qualquer um pode ajudar o lar e visitá-los. Com certeza, sua atenção para com eles fará com que a “anjo da guarda” Zezé seja mais feliz. É importante não esquecer que esta guerreira também é humana. Às vezes, sinto que as pessoas ficam de braços cruzados em casa, tranqüilas por saber que temos uma Zezé fazendo um pouco de nossa parte. Porém, seus braços um dia irão se cansar e quem dela irá cuidar? Muito provavelmente não seja nenhum de nós, porém podemos seguir seu exemplo de vida e fazer a nossa parte, pequena ou não, de ajudar aos outros. Até mesmo com uma palavra estamos ajudando a nós mesmos a conquistar a tranqüilidade e liberdade de espírito, sendo aprendizes da felicidade e sábios nas conquistas.