Praia da Ribeira, às margens do Atlântico...

Suavemente, as águas do Atlântico beijam as areias da praia da Ribeira que, aos poucos, rendem-se às caricias do oceano que a consome geralmente ao final da tarde, quando a maré sobe.
A praia, que localiza-se em meio às colinas que formam geograficamente o moderno Saco da Ribeira, mostra-se pacata e observadora, pois do lado de “cá”, a movimentada rodovia que nos liga a Santos, parece ignorá-la... Não a vê como única, mas sim parte de um belo cenário. Já os que estão do lado de lá da margem do Atlântico, observam o movimento da estrada, o entra-e-sai de embarcações diversas e com eles o movimento do tempo. Tempo que vai e não volta mais; tempo em que moravam apenas famílias caiçaras e que o caminho era percorrido apenas por trilhas; tempo em que a história fundia-se às estórias de pescadores e que até os fantasmas eram reais, como o Saci-Pererê, caçado nos rodamoinhos ocorridos nos bambuzais até hoje existentes pelo caminho. Até mesmo os objetos não identificados que rondavam o local sumiram. Muitos viram luzes que percorriam a trilha que sai da praia da Ribeira até a vizinha praia do Flamengo ou faziam vôos rasantes e depois sumiam rumo à galáxia.
Das muitas famílias, apenas três permaneceram: uma delas é da senhora Beatriz Bispo dos Santos, que veio do norte da Bahia há 36 anos para morar com o amor de sua vida. Aqui aprendeu os costumes caiçaras, teve seus filhos e netos e fez da Ribeira “sua terra”. Até os dias de hoje, sua charmosa casa à beira-mar é construída de pau-a-pique (ela disse que a casa já existia quando passou a morar na residência). Seus filhos, todos caiçaras, têm amor à terra e tiveram o privilégio de saborear o “azul-marinho” (comida típica da região) feito no aposentado fogão a lenha. E com ela aprenderam a “consertar o peixe” (limpar). Nem ela e nem as outras famílias caiçaras intimidam-se com o progresso, pois hoje o lugar é tomado por casas de veraneio. Tudo acontece tão vagarosamente que nem se aperceberam que ontem falava-se na importância da luz da lamparina e hoje fala-se de uma tal de internet. 
Visível, porém desapercebida, a praia da Ribeira compartilha suas águas translúcidas com todos que a visitam, seja para fazer um mergulho ou para observar o movimento do homem e o do planeta. O movimento do homem é veloz e inexperiente, já o do planeta é constante e perfeito. Vale a pena conferir esta fusão, sem dúvida fascinante!