Praia da Lagoa, vestígios de um passado!

Um lugar estratégico! Quem poderia desconfiar que por detrás do monte de areias brancas da pouco conhecida praia da Lagoa, por onde repousa o jundú, não distante estariam guardados resquícios de uma estrutura arquitetônica surpreendente! 
No bairro de Tabatinga, último do município, entre a Flora Cachoeira e o Depósito Estella Maris, na rodovia SP-55, há uma sutil entrada ao lado esquerdo sentido Ubatuba/Caraguatatuba. A estreita estrada, que insinua-se colina adentro, revela um universo belo e inesperado. O cascalho do asfalto, assentado no chão de barro batido, mistura-se à vegetação da mata-mãe. Após 1,5 km de percurso nos deparamos com uma bifurcação. Seguimos à direita por uma estrada de barro que, no início, nos transmite ares duvidosos, mas, 200m adiante, mostra-se tranqüila, segura e fascinante... A cada quilômetro percorrido parece embriagarmo-nos com tanta beleza. A vegetação oscila em sua demonstração natural: ora rasteira, ora mata fechada. As ilhas parecem estar em uma terceira dimensão, causando uma ilusão de ótica em sua geografia. Pelo caminho, observamos a praia do município vizinho, Tabatinga; as pacatas praias da Figueira, da Aguda e praia Mansa; logo, acerca de uns 5 km da rodovia, nos deparamos com a finalização do percurso. No local, podemos deixar o automóvel e ousarmos uns cinco minutos de caminhada. Então, nos deparamos com a esperada praia da Lagoa, bela... e capaz até mesmo de camuflar o motivo que origina seu nome. Do lado esquerdo, está a grande e silenciosa lagoa, onde visitantes pescam calmamente, porém, há quem diga que nunca chegará perto de suas águas. Falam que ela é assombrada. Segundo alguns antigos, os traficantes de negros os afogavam nas águas da secreta e inocente lagoa. Os negros, segundo suposições de estudiosos, pesquisadores e historiadores, eram trazidos da África e ficavam presos no porão da grande casa, hoje as ruínas da praia da Lagoa. Escravos usados para o tráfico, humanos que vendidos a peso de ouro, sua pele negra fazia a diferença, seus dentes brancos e fortes valorizavam sua negociação no mercado.
Quem chega à praia da Lagoa encontra os resquícios de algumas pilastras erguidas, possivelmente no século passado, mas, ao caminhar em direção a mata, logo pode avistar uma grande estrutura que teria sido um imenso porão construído por peças de granito e, acima, umas pilastras que teriam dado sustentabilidade para as paredes de taipa. 
Hoje, o valor histórico que esta curiosa ruína representa na formação de nossas raízes não tem valor estimado. O passado é uma incógnita: tudo que sabemos é pura dedução, porém as marcas de uma história desconhecida registram-se nas paredes erguidas e planejadas da grandiosa ruína, pelas mãos não se sabe de quem...