Praia Grande do Bonete, onde a modernidade só chega de barco

Vista geral da praia Grande do BoneteMisteriosa, reservada, curiosa, surpreendente: assim é a bela Ubatuba.
Quem viver uma vida, jamais conhecerá sua história, suas particularidades, seus encantos... por completo, pois cada lugar nos traz uma diferente experiência, uma vivência única, quase sempre eterna em nossas lembranças. Muitas vezes nos viciando, nos fazendo voltar compulsivamente sempre ao mesmo lugar, querendo mais e mais nos embriagar com tamanha beleza e preencher a alma com a sabedoria caiçara, herdada por aqueles que fazem parte integral da natureza. Assim é a praia Grande do Bonete e seus moradores. O lugar, onde se chega só de trilha ou de barco, fascina os olhos; difícil não voltar!
A caminhada de uma hora e meia inicia-se ao lado esquerdo da praia da Lagoinha, passando pelas praias do Oeste, com areia monazítica; praia do Oeste ou Pérez e praia do Bonete, chegando-se à esperada praia Grande do Bonete. Este roteiro reserva a particularidade da Mata Atlântica que enfeita o caminho com bromélias, pássaros, árvores frutíferas, sem contar a experiência do homem nativo que está a cada praia presente e pronto para ensinar ou palestrar histórias e estórias que seus tataravôs vivenciaram e que só eles podem deleitar. bonete.jpg (14814 bytes)
Outra opção de roteiro inicia-se na praia da Fortaleza, cortando o morro, onde, no passado, um negro da fazenda de Fortaleza subia ao alto para tocar o ilú (tambor africano) que significava o convite oficial para a festa na senzala aos moradores do Bonete. A opção marítima também é prazerosa, podendo-se alugar um barco na praia de Lagoinha.
O povo que cultua seus costumes, passados de pais para filhos, reserva uma cultura única, onde observa-se a herança das diferentes raças como, por exemplo, o prato típico azul marinho, composto por farinha de mandioca e peixe cozido, herdado do hábito indígena; as danças, muitas adaptadas para os dias modernos, de origem africana; os festejos religiosos, implantados pelos colonizadores, enfim, raízes de nossos ancestrais que encontramos no povo caiçara e que curiosamente, após uma bela caminhada, podemos nos deparar na praia Grande do Bonete com o passado vivo, onde a modernidade chega de barco. O isolamento da praia traz tranqüilidade aos visitantes, que podem desfrutar de um belo passeio pelas suas areias limpas
A praia atrai turistas de todas as idades. Muitos acampam entre os jundus ou abricoeiros. No lugar não moram só os nativos, pois tem as casas de veranistas onde a arquitetura mistura-se com a mata. A comunidade e os veranistas implantaram recentemente a A Marvirado (Associação do Mar Virado), que abrange todas as praias que costeiam o trajeto da Lagoinha à praia do Cedro. Esta organização tem intuito de trazer os melhoramentos necessários a comunidade e incentivar os costumes tradicionais unindo moradores e veranistas apaixonados pela terra e pela cultura e divulgando as festas tradicionais, que são: a Festa de Sant’Ana, padroeira da praia do Bonete e Grande do Bonete, sempre cultuada na última semana do mês de julho, com procissão marítima, danças típicas, doces caseiros e a tradicional bebida caiçara, a consertada. Esta festa tem início durante o dia e término ao amanhecer, quando os pés e o corpo se cansam. A outra é comemorada em janeiro, em homenagem a São Sebastião com o mesmo empenho. Para quem quiser apreciá-la, ficam barcos-táxi à disposição na praia da Lagoinha.
Mas você não precisa esperar tanto tempo para conhecer mais esta relíquia guardada em nossa cidade.

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