O Saco das Bananas

Sigilosa, a mãe natureza reserva seus segredos e resquícios em meio a Mata AtlEm terras quilombolas, a trilha de aproximadamente 1h40 inicia-se nas ântica vividos por nossos ancestrais. areias da praia de Cahistória, cultura, mistério e beleza, a caminhada que desabrocha no Saco çandoca. Mistura de das Bananas fundipuro prazer. Os olhos vêem, a audição percebe a presença de outros seres, o -se num coquetel de olfato distingue o cheiro do mar e da mata. Na mão, a terra; o tato sente as texturas diferenciadas, o paladar divertepelo caminho. A cada passo avançado, uma informação -se com sabores exóticos oferecidos histpouco de prima sabedoria. Parte do quilombo da órico-cultural dada pelo guia, na alma acrescenta-se um fazenda CaSá, falecido em 1881, foi herdado por seus três çandoca, o monopólio construído por José Antônio de filhos Antônio de Sá, da fazenda da Ponta Grossa, : Marcolino Antônio de Sá , que ficou com Caçandoca; Izidoro no Saco da Raposa e SinfrBananas. ônio de Sá, com a fazenda do Saco das Ao desbravar a exuberante trilha, percebemos em um determinado ponto o que foi uma estrada construída de pedra que ligava as fazendas, facilitando o transporte de mercadorias cultivadas no roçado como: cana, mandioca, banana e tantas outras especiarias. Izidoro era o que mais defendia os direitos dos escravos. Casado com uma escrava, parteira da região, ele decretou que o negro que trabalhasse em suas terras teria direito a ela. Da mistura entre os donos de fazenda e os escravos, originaram-se as dezessete famílias que espalharam-se por todo remanescente quilombola. Mortificadas, bem ao meio da trilha, no Saco da Raposa, encontram-se as paredes, pilastras e uma roda d’água. As paredes erguidas pela liga da concha de marisco e óleo de baleia, segundo informação do senhor Antônio, líder do movimento quilombola, tem mais de 940 anos. O silêncio da voz humana é substituído pelo canto da araponga, baitaca, barulhentos periquitos, sabiás, tucanos, pica-paus e outras raridades. As surpresas podem acontecer a qualquer momento, seja pela visita de um tamanduá que vem no caminho fazer sua refeição nos saborosos formigueiros, tatus ou, quem sabe, pela muçurana, cobra inofensiva; grande, de cor azulada, ela devora as cobras venenosas.  A aventura desperta na alma a sensação de liberdade. Quando deparamos com árvores que três homens não são suficientes para abraçá-la, descobrimos que acima de nós sempre haverá uma sabedoria maior porém, quando sentimos e vemos as raridades da colorida flora, entendemos que somos parte do todo. Ao longo do caminho está presente a medicina: o juá, remédio para furúnculo; o balieiro, para reumatismo e infecção e, assim, segue-se um lista interminável. O povo da região segue a lei da natureza sem questionar. Por exemplo: para construir a casa de pau-a-pique ou fabricar a canoa, a madeira deve ser retirada três dias após a lua cheia, assim estará protegida contra cupins ou muriçocas. A trilha sempre conservada por um único funcionário público, senhor Domingos Crispim dos Santos, 49, delineia-se pela costa com o glamour que só Ubatuba pode oferecer e é ao chegar no tão esperado Saco das Bananas, após tanta informação, que o corpo e a alma acalmam-se num festejado banho de águas límpidas do oceano.